VOCÊ É O QUE ESCOLHE SER
"O Gigante de Ferro" é um daqueles filmes que nos tocam lá no coração e que infelizmente não teve tanto reconhecimento na época que lançou, ganhando o status de filme cult com o passar dos anos. Com uma trama simples e bem construída, o filme trabalha questões de amizade e reflexões sobre a vida que valem muito a pena discutir nos dias de hoje.
Dirigido pela lenda Brad Bird, conhecido por seus trabalhos na Pixar como "Os Incríveis" e "Ratatouille", o filme "O Gigante de Ferro" foi lançado em 1999 em meio a grandes e influentes filmes do final do século, como "Matrix" e "Clube da Luta". Pra além disso, o filme concorreu com potências como "Toy Story 2" e "Tarzan", o que explica o seu ostracismo inicial nas bilheterias. Felizmente, com o passar do tempo, ganhou o reconhecimento merecido com uma das maiores obras de animação da história do cinema, sendo referenciada e homenageada em filmes, seriados, jogos e diversas outras mídias.
A obra é baseada no livro de Ted Hughes, "The Iron Man", de 1968 e retrata a repentina relação de amizade entre um robô alienígena caído do espaço e um garoto chamado Hogarth. Apesar de uma premissa simplista, o filme aborda temáticas bastante complexas como o armamentismo e paranoias recorrentes da Guerra Fria, existencialismo e a capacidade de transformação através da amizade. Devo dizer que ele envelheceu como vinho, com seus diálogos bastante sagazes e reflexivos, trazendo uma carga existencialista que acrescenta ainda mais profundidade à narrativa.
Gigante: Eu morro?
Hogarth: Eu não sei. Você é feito de metal... mas você tem sentimentos. E você pensa nas coisas. E isso significa que você tem uma alma, e almas não morrem.
Gigante: Alma?
Hogarth: Mamãe diz que é algo dentro de todas as coisas boas... e que continua para sempre e sempre. [Hogarth sai. O Gigante de Ferro deita para olhar as estrelas]
Gigante: Almas… não morrem?
Gigante de Ferro é um filme que procura de todas as formas nos transmitir através de seus personagens caricatos e situações às vezes absurdas que não existe lado bom de uma guerra, que todos podemos ser mais do que aparentamos e que não são as outras pessoas e nem o que dizem sobre nós que de alguma forma irá nos definir.
Esse certamente é um filme que eu indico fortemente que seja assistido com seus filhos, caso os tenha. É sensível e divertido, com uma carga nostálgica que encantará aos mileniais, mas com certeza vai ser bem recebido pela geração Z e até mesmo os mais novos. Sua mensagem é primordial para todos nós, até mesmo nos dias atuais. E não poderia encerrar este texto sem mencionar uma das frases mais impactantes e importantes de todo o filme: "Você é quem você escolhe ser".