Fúria Primitiva (Monkey Man) - Crítica do filme
Os deuses devem ter um plano maior para você.
O filme que marca a estreia de Dev Patel (Quem Quer Ser um Milionário, A Lenda do Cavaleiro Verde) na direção é espetacular, mesmo que não seja uma obra-prima inesquecível. "Fúria Primitiva" (Monkey Man, no original) é uma espécie de John Wick indiano que, ao mesmo tempo que tenta ser complexo, se utiliza de muitos clichês do subgênero da porradaria.
A trama possui uma premissa bem simples: um homem com um passado trágico busca vingança contra seus algozes. Todo mundo já viu isso em um milhão de filmes. Mas o que Patel consegue trazer de diferencial, além de sua inexperiência por trás das câmeras, é construir uma jornada do herói com pitadas de crítica social.
Nesse processo, o diretor não tenta esconder o fato de que é seu debut no comando: há muitos recursos experimentais, seja nos enquadramentos da câmera ou na edição frenética e confusa às vezes. Há uma demora para que o roteiro co-escrito por Patel engate e nos permita engajar com a narrativa, mas algo que depois é recompensado com boas sequências de ação.
Há também o elemento da mitologia hindu que permeia toda a história, concedendo profundidade ao protagonista e a seus propósitos e dramas pessoais. Aliado a isto, Dev Patel escolhe transmitir uma mensagem em favor dos oprimidos e que sofrem com o governo de corruptos e aproveitadores, que poderia ser mais incisiva, porém acaba indo por um caminho mais cômodo ao não explorar mais o tema.
Com boas coreografias a uma direção ousada do ator (agora também diretor), "Fúria Primitiva" é um filme que não deve em nada outros similares como John Wick (*spoiler* que é citado em um diálogo) e Resgate, da Netflix. Arrisco dizer que pode render continuações, e, mais provável, outras produções com o mesmo estilo inovador. Bom para nós, bom para o cinema.